Artigo nº 008 - crônica social

sem sementes, sem futuro

Não é de agora que as frutas das feiras e supermercados são comercializadas sem sementes. Manipuladas geneticamente, as sementes estão ali atrofiadas até a mais completa esterelidade.
Já imagino o tempo em que as novas gerações perguntarão: o que é um caroço ou uma semente?
A princípio, a retirada das sementes de uvas, caquis, tangerinas e laranjas parece cômodo. Saborear as frutas sem aqueles caroços impertinentes!
Mas porque não pensar nas consequências de tudo isso. Primeiro que você fica impedido de plantar um pé de fruta. Segundo que todos ficamos reféns de sementes que, por estarem monopolizadas, são caras e, uma vez obtidas, dão frutos estéreis. Terceiro que a propagação desse tipo de semente pelo planeta pode acabar por tornar verdadeira aquela velha mentira teórica do malthusianismo que teimava em dizer que “a população crescia em progressão geométrica, enquanto os alimentos o faziam em progressão aritmética”.
A tese de Malthus pretendia solucionar o problema da fome através do extermínio em massa, o que serviu para alimentar os desejos sanguinários das hordas nazistas. O mundo de hoje, globalizado que está, faz tudo para extrair de nós passado e futuro. A idéia é endeusar o presente, o “aqui e agora”  vazio e permanente, no pior estilo pós-moderno.

Renato Fialho Jr. (JAN/2010)