Artigo nº 007 - chamamento à participação cidadã

O golpe dentro do golpe tem nome: são as reformas antipopulares do congresso vendido!


26/05/17 - Crescem as evidências de que o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff foi uma grande fraude política, jurídica e midiática bancada e conduzida pelo grande capital. O envolvimento protagônico e corrupto de grandes empresas privadas (Odebrecht, OAS, JBS, etc.) parecem confirmar isso. Utilizando-se do artifício lobista, o capitalismo vem comprando e pondo de joelhos o processo eleitoral, o congresso nacional e o poder judiciário (onde também estão incluídas as forças armadas). O impeachment de Dilma, por 'pedaladas fiscais' que na época podiam, depois tornaram-se proibidas para incriminá-la e que após o golpe voltaram a ser permitidas, é parte dessa prática lobista que tem suas raízes históricas no Brasil com o esquema corrupto imposto à época da ditadura militar de 1964: o complexo IPES/IBAD (esquema esse denunciado por René Armand Dreifuss em seu clássico ''1964: A Conquista do Estado - ação politica, poder e golpe de classe'').
Não foi difícil, com a derrama de dinheiro privado no Congresso Nacional, descolar o impeachment de Dilma com o fim de alavancar um governo sangue-puro (só com partidos de direita), sem-coalizão, cordeiro, traidor e inteiramente submisso às corporações monopólicas: o governo golpista encabeçado pelo peemedebista Michel Temer.
Desenvolvendo sua saga (destino previsível), o vampiro Temer conseguiu elevar a dívida pública brasileira para R$ 3,2 bilhões nesse mês de abril, mostrando muito bem a quem serve prioritariamente o seu governo: aos banqueiros de todas as praças. Ao mesmo tempo, a dívida aumentada por artifícios criados pelo próprio governo tem servido de chantagem para pressionar o 'congresso facinho' por (mais e mais) 'reformas' impopulares.
Falam tanto nos presentes que Lula teria recebido no decorrer de seu governo (guardados pelo Instituto Lula), mas pouco se fala dos presentes de Temer aos capitalistas. A burguesia industrial (cuja maior representação é a FIESP) tem sido presenteada com enormes isenções fiscais (que diminuem ainda mais a arrecadação do Estado, aumentando a crise). Aos capitalistas rurais (o agronegócio) e aos setores de mineração e madeireiro, Temer já encaminhou um 'presentaço': o fim das reservas indígenas e o sucateamento total da FUNAI (podendo agora esses setores seguirem legalmente o avanço ilegal e cruel sobre as terras e os direitos dos povos indígenas). Às empresas privadas extrativistas de petróleo, o presente é caprichado: o pré-sal e o que resta da Petrobrás. Para TODOS os capitalistas um megapresente: a terceirização geral, que rebaixa, a médio e a longo prazo, o proletariado à condição de precariado (ou seja: à condição análoga à escravidão). Como acontecia com o antigo escravo, ao moderno escravo assalariado (uma vez terceirizado) restará apenas os deveres (e nenhum direito), ou seja, 'a primazia do negociado sobre o legislado', do mercado sobre a lei, do privado sobre o público.
O anúncio e o avanço das reformas trabalhistas, previdenciárias e do Ensino Médio, entre inúmeros outros projetos entreguistas desengavetados pelo congresso majoritariamente corrupto, desagradou a grande maioria da população brasileira, sobretudo a massa proletária que, gradualmente, vai tomando consciência do tamanho do sacrifício que se lhe está a exigir: E em troca de absolutamente nada!
Em decorrência disso, a 'popularidade' de Temer desceu a ladeira até chegar a menos de 8%. Invertendo o rumo da prosa, trata-se na verdade da maior impopularidade entre todos os presidentes da República que o país já teve: cerca de 92%. Mas, não satisfeito, o governo Temer mandou reprimir com extrema violência a marcha sindical e popular em Brasília e reeditou o Estado de Sítio, convocando as forças armadas para manter a 'lei' e a 'ordem' na capital e para o bem do capital. Isso só faz crescer sua impopularidade em que pese que esses 8% da população são os setores mais ricos e prósperos do país, que só esperam que Temer termine o serviço sujo antes de defenestrá-lo presidência afora.
A base governista no congresso, em processo de retirada, já não parece tão disposta a garantir a aprovação das reformas e demais pacotes de maldades na Câmara e no Senado federais, pelo menos enquanto Temer não bater em retirada. Muitos congressistas tem medo de se associar ao golpista impopular e assim queimarem suas possíveis reeleições. Bem, mas se os lobbies capitalistas aumentarem a propina, quem sabe? Afinal, muitos políticos já se utilizam da compra de votos ou da ameaça armada de seus eleitores ao invés da opção política de tentar convencê-los - e para isso há que ter muitas cédulas de R$ 50,00 ou de R$ 100,00! Santa ladroagem!
Contudo, é bom lembrar que o golpe contra o governo de coalizão encabeçado pelo PT teve como motivo principal a passagem desses pacotes inacreditáveis de crueldade. Não há dúvida de que o governo Temer perdeu as condições de governabilidade e que até o habitual apoio da grande mídia burguesa soa tímido: a própria Rede Globo tem batido na tecla 'reformas, sim; Temer, não'.
Claro que a Globo, principal representante e porta-voz do grande capital no país, quer uma solução rápida: a renúncia de Temer e as eleições indiretas (onde o congresso nacional majoritariamente corrupto, com seus 530 deputados federais e 81 senadores, elegeria o substituto de Temer). Para os conservadores neoliberais, o voto popular se demonstra deveras perigoso, pois poderia trazer de volta ao poder um Lula ou, com os protestos de rua, fazer sugir, feito fênix, uma frente popular unitária de esquerda capaz de mudar o rumo da história.
A 'esquerda' brasileira, por extrema necessidade, se uniu em torno do “Fora Temer” e tem havido muita discussão em torno da proposta das 'Diretas já!', que na prática é uma bandeira muito tímida e precária. As eleições diretas apenas conduziriam ao poder um novo presidente da República. E só! Ele exerceria um mandato tampão extremamente curto e insipiente para solucionar a crescente crise em que enfiaram o país. O problema é que o novo governo eleito pelo povo teria de governar submetido ao congresso de maioria corrupta que aí está e sob a égide de um Judiciário elitista e desmoralizado, pois que partícipe do golpe.
Sem dúvida alguma, uma saída bem mais radical e emergencial seria a antecipação das eleições gerais de 2018 com candidatos inéditos (ou que pelo menos ficassem vetadas as recandidaturas de fichas sujas) que pudessem varrer o atual congresso corrupto para a lata de lixo da história.
É muito importante considerar o acúmulo de forças decorrentes da greve geral de 28 de abril e da marcha pelo “Fora Temer!” e pelas “Diretas Já”, em Brasília, organizada pelas centrais sindicais e pelos movimentos populares e que reuniram em 24/05 cerca de 200 mil manifestantes oriundos de vários estados do país. Mas, esse acúmulo deve crescer nas proximas semanas, se se quer realmente mudar as coisas.
Na manifestação em Brasília, a massa coxinha não se fez presente. A camisa da CBF se avermelhou e o "pato pateta" (da FIESP), "tantas fez o moço, que foi pra panela". Alguns coxinhas renitentes, seguindo as orientações da família Marinho, seguem convencidos de que as "reformas" (o certo seria desmontes) “são do bem” ou de que é melhor as "reformas" que sangram do que os "vermelhos" cor de sangue. Ao mesmo tempo, os líderes do MBL, do Vem pra Rua e de outras ONGs financiadas por agências corruptoras do império foram desmoralizados ao longo desse processo. O cidadão-coxinha "de bem", que se fez minoria, está “de mal” com suas lideranças e se encontram ainda um tanto atônitas, sem saber bem o que fazer, por agora. Acreditam na Lava Jato, 'pero no mucho', ou seja, não como antes, e seguem alimentando aquele medo cretino do PT, do Lula, do bolivarianismo, da Rússia e do comunismo! Santa hipocrisia!
Por falar nisso, a extrema-direita venezuelana tem dado um vexame! Trata-se de uma oposição fascista, financiada e instrumentalizada com grana de fora. Seus membros são verdadeiros lacaios do imperialismo, agentes de um império decadente e belicista! Em seus protestos 'não-violentos' não param de quebrar, incendiar e vandalizar prédios, símbolos e conquistas populares associadas ao governo bolivariano e chavista de Nicolás Maduro. Ficou agora muito claro porque Estados Unidos e Colômbia investiram tão alto (o bilionário Plano Colômbia) para que as FARC capitulassem: queriam liberar uma massa de contra insurgentes (UAC, etc.) para que pudessem atuar na Venezuela! Santa baixaria!
Mas, no dia 23/05/17, uma imensa multidão tomou às ruas de Caracas para reafirmar o apoio ao governo de Maduro e às eleições constituintes decretadas pelo governo. Foram às ruas em apoio a Assembleia Nacional Constituinte que, uma vez eleita, deverá reescrever e aperfeiçoar a Constituição do país e, assim, celebrar a paz e sedimentar o caminho para o socialismo do século XXI. Mas passeatas como a do dia 23, pró-governo bolivariano, não saem nos noticiários da grande imprensa.
Já ia esquecendo: enquanto isso na ALERJ, a base governista, vendo que o governo de Temer está a fazer água, correu desesperada, pôs em pauta e aprovou (no mesmo dia 24/05 da marcha brasiliense) mais uma parte do pacote de maldades contra o funcionalismo público, que, após a assinatura do governador Pezão, terá que contribuir não mais com 11% mensais para a previdência, mas com 14%. Isso enquanto reprimia violentamente o protesto do funcionalismo do lado de fora da Câmara. Cômico, contudo, foi ouvir a Globo News afirmando que as duas lutas, a de Brasília e a do Rio de Janeiro, eram por motivos diferentes e não tinham nada em comum! Santa enganação!
Todo apoio ao governo Bolivariano de Nicolás Maduro!
Fora Temer! Eleições Gerais antecipadas já!
Fora Pezão e seu pacote de maldades!
Por uma nova Constituinte!

Renato Fialho Jr.